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Uma estante feliz

 

Um dia, ao andarem a deambular à descoberta do sítio, um grupo de visitantes do Museu da Carris, decidiu vir espreitar a carpintaria. Nesse dia estávamos a recuperar um móvel Olaio. Entusiasmada, uma das senhoras (a Cristina), disse para os seus amigos que tinha acabado de encontrar quem lhe recuperasse a estante que tinha sido do sogro, e que ela queria que fosse para o filho, neto do proprietário inicial. Pela nossa parte também ficámos entusiasmados, pois recuperar um móvel desses é sempre um trabalho que nos dá muito prazer.


Passaram muitos meses até irmos recolher a estante. Pareceu-nos que estava ansiosa para a que fossemos buscar; tinha já andado desmontada por muitos lados, sótãos e armazéns. Lembrava-se com nostalgia dos tempos em que albergava colecções, livros, e aquários; provavelmente ficou desapontada porque não iniciámos de imediato a sua recuperação. Vicissitudes várias atiraram-na para o fundo da oficina.

 
Até que um dia chegou o Francisco, o proprietário da estante, acompanhado do pai. Os seus 8 anos garantiram-lhe o estatuto de ser o cliente mais novo que alguma tivemos, por isso prometemos-lhe, além da recuperação da estante, fazer-lhe um comboio de madeira. Mas logo descobrimos uma coincidência, ele gostava e sabia de comboios, pois a actividade do pai estava ligada aos comboios. Era mais uma exigência, mais uma responsabilidade, a juntar à ressuscitação da estante. Lá nos atirámos ao trabalho do móvel (e do comboio).


Finalmente ficou pronta! Que bem ficou numa casa e num bairro da sua época! O comboio do Francisco ficou um pouco envergonhado por se ver ao lado dos modelos sofisticados do pai. Mas ainda assim o Francisco ficou contente com ele!

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